sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Património arqueológico rupestre



Como ficou referido em publicações anteriores, Travanca de Lagos é uma povoação muito antiga, tendo tido ocupação humana desde épocas muito remotas. A prová-lo estão os achados arqueológicos rupestres que se encontram dentro da povoação e à volta da freguesia. Esses achados remontam a épocas muito distantes, como o período neolítico - Anta do Pinheiro dos Abraços - o período romano - Estrada e ponte romana, proximidade da Explendidíssima Civitat Bobadela - e a época medieval - sepulturas e lagares rupestres, etc..

I - Época Medieval
Lagares , Lagaretas ou lagariças Rupestres

Existem em Travanca alguns exemplares de lagares escavados na rocha ou lagaretas de sulco, de tipologia diversa, que se destinavam provavelmente à produção vinícola, sendo que, alguns poderão ter sido usados para produzir azeite. A sua datação é incerta. Em lagares similares já estudados noutras zonas do país, especialmente a Beira-Alta e também Trás-os-Montes e Alto-Douro , há autores que referem o período romano ou tardo romano como a época provável do seu aparecimento outros referem o período Alto- Medieval ou Medieval.

Existe uma grande variedade na forma dos lagares, dependendo das condições do afloramento granítico em que são talhados. À parte disso, existe um modelo de base onde se desenvolvem e sobre o qual há consenso alargado. Basicamente são constituídos por: o piso, o pio e o prato.
- O piso ou Calcatorium é uma pia quadrangular, pouco profunda e escavada em plano inclinado, que se destinava à pisa da uva pelo processo tradicional de esmagamento pelo pé do homem.
- O pio ou lacus, mais pequeno e profundo, é um elemento separado do anterior por um orifício, ou bica, que deixava escorrer o mosto para dentro dele. Outras vezes o mosto era recolhido directamente por cântaros de barro. No final, o mosto era transportado para depósitos maiores, mais perto de casa, onde ocorria a fermentação.
- Em engenhos mais complexos existia o Prato, disposto ao lado do piso, de forma circular e plana e que se comunicava com o pio por canais de escoamento ou sulcos. O prato servia de base a um sistema de prensagem mecânico e destinava-se ao esmagamento do bagaço, ainda rico em sumo e taninos, difícil de extrair de outra forma.

Em Travanca de Lagos existem, como foi dito, vários exemplares destes engenhos, de diferentes tipologias, inseridos em propriedade privada e que carecem de um estudo aprofundado. Apesar de haver registos de lagares que estiveram em funcionamento até há poucos anos na Beira Alta, desconhece-se quando é que estes caíram em desuso. Seguem-se alguns dos exemplares encontrados:



Lagar no Alto do Zambujeiro




Lagareta medieval no Búzio (sepultura transformada)




Lagareta no penedo do Gorgulão (inserido num conjunto com necrópoles rupestres)





Lagar na quinta do Moreira de Baixo(vista superior)




Lagar na quinta do Moreira de Baixo(vista frontal)




Lagar na quinta do Moreira de Baixo(vista lateral)




Lagar do Chão do Soito (foto mais antiga)




Lagar do Chão do Soito (vista superior)




Lagar do Chão do Soito (vista frontal)




Lagar do Chão do Soito (pormenor do prato)



2ºLagar no Chão do Soito (encontra-se incompleto)