sexta-feira, 4 de abril de 2014

Lanzner – Vida e obra (parte I)



Lanzner - auto-retrato


Fez um ano, em janeiro, que faleceu António Luís da Siva Reis Santos, artista plástico conhecido com o pseudónimo de Lanzner, fazia em 26 de março 78 anos. Partiu o artista, ficou a sua obra. O seu legado, uma coleção vasta composta por óleos, desenhos, gravuras, medalhas e esculturas, é em grande parte desconhecido, quer pelos seus pares e pelo público em geral, quer atualmente pelos críticos de arte. Por estar certo da importância da sua obra e do seu grande valor artístico, queria homenageia-lo, uma vez mais, neste espaço, criando no blog uma rubrica dedicada à sua vida e obra.

Em relação à sua atividade artística, no seu curriculum consta o seguinte: -Natural do Porto, viveu em Lisboa onde despertou para a atividade artística que viria, mais tarde, a desenvolver, em Coimbra, nos domínios do desenho, pintura, escultura, e gravura. Em 1959 expôs pela primeira vez os seus trabalhos em Coimbra, individualmente, e participou também numa exposição coletiva em Viana do Castelo. Desde então fez exposições, com uma certa frequência, em vários pontos do país, especialmente da região centro.

Na sua 1ª Exposição, na Galeria 1º de Janeiro - Lanzner (1º da dta.) com o seu pai, Luis Reis Santos,  Mário Silva, entre outros.

Lanzner durante a sua 1ª exposição em 1959.

O desejo de conhecer melhor a Arte levou-o a fazer viagens de estudo a Espanha, Inglaterra e França. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo frequentado a “École National Superieure des Beaux Arts de Paris” e o “atelier” do Prof. Chapelain Midy.
O interesse pelos processos de fundição de obras de Arte deu origem a que fizesse algumas medalhas diretas, de tiragens reduzidas, de: Manuel Jardim, Elísio de Moura, Rainha Santa Isabel, Teixeira de Pascoaes, Alexandre Herculano e Afonso Lopes Vieira.
De estudos que fez de desenho e de gravura deixou publicado um pequeno texto, “Do Desenho-Elementos formais”; e um folheto “Noções Fundamentais de Gravura”, integrado numa exposição de carácter didático.
Ilustrou os livros de poesia de Eduardo Aroso, “O Olhar da Serra” e “ A Quinta Nau”, e alguns desenhos seus fazem parte do livro de Maria Alice Gouveia e Beatriz Mendes Paula, “Leituras”, para o ciclo preparatório do ensino secundário, publicado no ano lectivo de 1970-71.Teve ainda a função de consultor artístico em diversas realizações.

Está representado em diversas  instituições públicas como o  Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra com dois óleos, uma aguarela e uma gravura, no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, com um óleo e uma pintura a tinta da China, no Museu de Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, com um óleo, no Museu Municipal Dr.Santos Rocha, na Figueira da Foz co um óleo e uma gravura, no Governo Civil de Coimbra com um óleo, na Câmara Municipal de Coimbra com uma aguarela e na Câmara Municipal de Leiria com uma medalha de Afonso Lopes Vieira.


Os  pássaros


Do período que passou em Paris, destaco a  realização de uma obra  notável, “Os Pássaros”, que segundo refere A. Nunes Pereira, “ é uma admirável tela que à primeira vista nos parece puramente abstrata, mas que, ´`a medida que a contemplamos nos vai revelando uma multidão de pombas, como a lembrar o célebre soneto de Raimundo Correia". Foi, aliás, sobre esta  e outras  telas de Lanzner que René Huyghe fez um dia uma lição aos seus alunos do Collège de France, onde era professor de Psychologie des Arts Plastiques, figurando esta pintura na sua importante obra, Les signes du temps et l'art moderne. A propósito de Lanzner, René Huyghe, refere no Anuário do Collège de France, em 1966/67, que “L´étude, dans leur chronologie, des oeuvres d´un jeune peintre portugais, Lanzner, cherchant avidement sa voie, a montré qu´il pouvait pratiquer avec la même sincéritté les deux “grammaires” et faire même de leur alternance les termes d´une dialectique intérieure en quête de sa synthèse. Complètement assimilées, maniées avec une aisance égale, elles renforcent la valeur expressive cherchées par la symbolique obscure et irraisonnée des images: en efect, elles sont mises au service d´une unité superieure qui ne réside plus dans l´agencement des formes ou dans le jeu des forces mises en action, mais dans l´unité de la vie intérieure qui se cherche et se révèle à travers ces manifestations parfois divergentes dans leurs moyens mais convergentes dans leur source.” 
(cont.)

1 comentário:

  1. Retrato de António Luís Reis-Santos (Lanzner) por Jean-Claude Fourneau : http://i0.wp.com/art.jcfourneau.com/wp-content/uploads/2016/02/jean-claude-fourneau-luis-reis-santos-jr.jpg

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